[Resenhas] Valerian e a Cidade dos Mil Planetas

Valerian

A “fauna e flora” são ótimas: um filme muito bem cuidado, efeitos especiais caprichados, um diretor tarimbado atrás das câmeras e uma trilha do sempre competente Alexander Desplat bem adequada, quase “starwarsiana”. Como entretenimento tipo “sessão da tarde”, até funciona, e eu saí feliz do cinema. Mas então o que falta a “Valerian e a Cidade dos Mil Planetas” para ser um grande filme?

Falta o “interessar”. Falta um roteiro que tenha realmente um mote interessante para contar. Não que o povo do planeta Mül e sua triste (tristíssima) história não sejam atraentes, ao contrário: o tom bem Avatar e a forma como Luc Besson filma o pré-apocalipse são muito atraentes. Mas o miolo do filme é longo demais até que o foco volte a esses seres interessantes sobreviventes de um planeta sem conflitos — até que isso aconteça, é mais pirotecnia colorida do que propriamente enredo.

E o título? Não sou especialista em Valerian, mas a história não é baseada em “The Empire of Thousand Planets”, de 1971, da saga de quadrinhos “Valérian et Laureline”, do escritor Pierre Christin com ilustrações do artista Jean-Claude Méziéres? Ou é uma junção de várias histórias? Não sei, me corrijam. Mas se for, por que então “A CIDADE dos Mil Planetas”, não é meio incoerente? Que cidade é essa, Senhor, cadê ela?

Ainda no que se refere a título, por que Laureline não é tão protagonista quanto Valerian? Cadê o nome da moça? Pode parecer mimimi, mas a dupla pouco carismática de protagonistas é definitivamente liderada por Laureline na versão cinematográfica. Com suas feições de “sou arrogante mas sou legal”, Cara Delevingne é bem melhor em cena que Dane DeHaan.

Quem rouba a cena, claro, são os coadjuvantes de luxo. Rihanna e Ethan Hawke salvam a produção do marasmo: é justamente quando a cantora entra em cena que o filme cresce e a segunda metade do longa é bem mais aceitável do que a primeira, cansativa e longa demais.

Enfim: menos meia hora deixaria o filme mais enxuto. Protagonistas mais carismáticos trariam mais fulgor. Um romance mais consistente seria mais atraente ao espectador. Ainda que bem dirigido, é preciso sempre lembrar que nem só de alegorias e adereços vive o cinema, e Luc Besson deveria saber disso. Ainda assim, compre sua pipoca e divirta-se.

Tommy Beresford

cinemagia.wordpress.com

~ por Tommy Beresford em agosto, 11 2017.

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