[Resenhas] Livre

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Do mínimo ao máximo. Quase odiei “Livre”: a vontade, nos primeiros 15 minutos, era a de desistir do filme. Tive a impressão de que seria um novo “All is Lost”, o filme mala do grande Robert Redford, chatíssimo. Mas eis que o novo longa de Jean-Marc Vallée (do excelente “Clube de Compras Dallas”) se mostra um excelente filme.

A história de Cheryl Strayed é real, e se transformou em um livro (que agora estou doido para ler). Ela, a real, até aparece no filme em um rápido momento, sem que o espectador perceba. Já a Cheryl da ficção é defendida com enorme intensidade por Reese Whiterspoon. Reese já levou um Oscar (por “Johnny & June”), e concorre novamente por “Livre” (“Wild”, no original), mas será uma surpresa se vencer a favorita Julianne Moore. Seja como for, Cheryl dá a Reese a oportunidade de trazer ao público a melhor interpretação de sua carreira.

O diretor conta com roteiro de Nick Hornby (de “Alta Fidelidade”, 2000) e bela fotografia de Yves Bélanger, e o trio conta a verdadeira história de Cheryl em meio a suas peripécias durante os 1770km percorridos pela Pacific Crest Trail, uma difícil trilha pela costa oeste dos EUA do deserto de Mojave (Califórnia), até o Estado de Washington, próximo à fronteira com o Canadá. Não é fácil, mas este enorme caminho permite a Cheryl se libertar (daí o título em português) dos fantasmas de seu passado bem recente.

A relação da protagonista com as pessoas que ama é o ponto alto do filme, especialmente com a mãe, brilhantemente interpretada por Laura Dern, merecidamente indicada como Melhor Atriz Coadjuvante ao Oscar pelo filme.

Mesmo quando está absolutamente solitário em sua caminhada, você não está sozinho no mundo. Suas lembranças, dores e amores caminham com você, e cabe a você aprender a lidar com elas. A história de Cheryl nos faz lembrar disso, e também nos mostra que podemos, sim, superar as dificuldades, mesmo as que parecem intransponíveis: talvez não baste “apenas querer”, como diz o clichê, mas sempre vale a pena lutar.

Tommy Beresford

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~ por Tommy Beresford em janeiro, 19 2015.

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