[Resenhas] Tár
Vamos começar pelas frases de efeito. “Tár” pode ser (eu disse “pode”) bem chaaaato para quem não é músico, e muito incrível para quem o é. Por outro lado, pode ser beeeeem blasé para quem é músico e muito impactante para quem não é.
Ou tudo em todo lugar ao mesmo tempo — não, péra, este é outro filme…
O fato é que o longa de Todd Field abusa dos termos técnicos (e) musicais na (empolgante) primeira hora do filme: tudo como base natural dos diálogos dos protagonistas, mas isso pode assustar os que não são nem um pouco familiarizados com a nomenclatura musical. Além disso, como seu pecado mais do que mortal, a versão legendada brasileira omite todas as traduções quando as falas são em alemão: por que, Senhor, porcausdiquê?
Todo o restante, porém, da capo al fine, tudo é realmente uma sinfonia, com o perdão do jargão clicheteiro. Direção impecável, uma história ótima, um elenco cheio de virtudes: no fundo, é um filme extremamente humano, mesmo que no raso não pareça. A começar por Nina Hoss — que atriz estupenda — segurando no olhar cirúrgico uma coadjuvante que poderia mal ser notada.
E Cate Blanchett. Dividindo fotograma a fotograma o favoritismo ao Oscar com Michelle Yeoh (pelo supra e en passant citado “Tudo ao Mesmo Tempo…”, ambas até agora com mais de 20 prêmios na estante por seus respectivos filmes), Cate talvez tenha escolhido seu papel mais singular: ei-la compondo talvez a mais impressionante interpretação de sua carreira (e olha que foram tantas incríveis…). Nada seria mais justo que um empate entre as duas, algo raríssimo no Oscar, mas que há rolou em 1969 e, nesta temporada, em várias categorias várias vezes. Cate é sublime. Cate é batuta!
De resto, não sei porcausdiquê meus amigos maestros, músicos e outros parangolés ainda não foram assistir… spoiler: se vocês forem chatões, podem até não gostar, mas vá como espectador, não como regente. Como deve ser, sempre, nesse mundo mágico da sala escura.
Tommy Beresford
Cinema é Magia 