[Resenhas] Joy: O Nome do Sucesso

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Desde a primeira cena, David O. Russell avisa ao espectador: este é um filme “fora da casinha”. A telenovela exagerada é uma amplificação do que no fundo o diretor efetivamente consegue com “Joy” sem perder o humor que seus filmes sempre trazem. São tintas mais carregadas do que em seus deliciosos trabalhos anteriores, “O Lado Bom da Vida” e “Trapaça”, mas é um filme menos sério do que “O Vencedor”, também dirigido por Russell e anterior a todos eles. Em comum, a eterna atração de Russell pelas famílias desestruturadas.

Pensem numa mulher derrotada, de família derrotada (e “entrona”), de passado mal resolvido, presente mal ajambrado, futuro mal pensado. Esta é Joy (cujo subtítulo em português deveria ser “O Nome do Fracasso”, e não do sucesso). Joy é praticamente uma cabeça de avestruz enfiada num buraco repleto de afazeres domésticos e situações mal resolvidas tentando imaginar voos libertadores de águia. A brilhante interpretação de Jennifer Lawrence traz uma lufada de realidade num entorno bastante caricato (e, por que não dizer, cafona), mas com um pezinho no “você já viu esses tipos por aí em algum lugar, ou mesmo na sua família”. A parceria com DeNiro é incrível, mas a primeira metade do filme é de uma derrocada tão inacreditável quanto irritante para o espectador, e não há nada de negativo nisso. Parece que Joy não tem mesmo salvação, seu universo é complicado demais para que ela encontre algum caminho.

A entrada de Bradley Cooper na trama (que com Lawrence e DeNiro atuou também em “O Lado Bom da Vida”, pelo qual Cooper concorreu ao Oscar e ela levou sua estatueta) gera pelo menos uma cena entre as melhores desta safra: a sequência em que Joy é apresentada, pela primeira vez, ao mundo do marketing televisivo ao vivo. Cooper brilha intensamente neste momento, mas é mesmo Jennifer Lawrence, que parece amadurecer a cada trabalho, quem carrega o filme nas costas. Três atrizes de peso também fazem parte do elenco — Isabella Rossellini, Diane Ladd e Virginia Madsen — mas seus personagens saem perdendo diante da força descomunal da performance de Lawrence.

Dos filmes supracitados do diretor, este deve ser o que menos agradará à maior parte dos espectadores pela estranheza que causa. Mas, num ano de filmões bem classudos, essa vibe “fora da casinha” me atrai imensamente: excessos à parte, gostei bastante.

Tommy Beresford

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~ por Tommy Beresford em janeiro, 23 2016.

Uma resposta to “[Resenhas] Joy: O Nome do Sucesso”

  1. Pois é: estava esperando por ‘Joy’ mais de que qualquer outro ‘Oscarizado’ (ou ‘Oscarizável’) neste ano. Lawrence, pra mim, já provou que é atriz das melhores! Cooper é correto e está ficando interessante e De Niro… dispensa comentários. Um filme muito bom, talvez eu esticasse mais um pouquinho o ‘como’ ela chegou lá, pois foi muito corrido a cena no Texas para a cena na ‘big house’ que ela adquiriu.

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