[Resenhas] Blue Jasmine

A pergunta sobre os melhores filmes de Woody Allen no século 21 pode causar discussão. Sem dúvida, “Match Point” (2005), “Vicky Cristina Barcelona” (2008) e “Meia-Noite em Paris (2011)” estarão na maior parte das listas, com “Tudo Pode Dar Certo” (2009) talvez correndo por fora. Seu mais recente trabalho, “Blue Jasmine”, tem tudo para entrar neste rol.

O ótimo roteiro tem na interpretação de duas grandes atrizes a força para alcançar grandes voos. A impressionante Cate Blanchett é a protagonista, e ela brilha intensamente, inicialmente como a esposa cercada de luxo em meio a problemas amorosos, mais ainda na fase “meu mundo caiu / e me fez ficar assim”. Sua irmã pobre é interpretada também de forma colossal por Sally Hawkins (a “Simplesmente Feliz“, quem se lembra, pelo qual levou o Globo de Ouro 2008/2009). Em atuações milimetricamente bem acabadas, ambas dão exatamente o tom que o filme precisa: é um drama, com pitadas de bom humor, mas um drama.

É bom frisar isso pois quem assistiu aos trailers deve ter achado que se tratava de uma comédia sobre uma mulher fútil. Felizmente, não é bem assim. A personagem de Cate tem defeitos e problemas que, nas mãos de outra atriz, talvez soasse histriônica e não alcançasse a empatia tal qu acaba fazendo com que os espectadores a entendam e até torçam por ela. Entre a altiva e a #aomilhada (como se diz na internet século 21), culpada e vítima, Cate arrasa e não fica nada a dever a outras musas de Allen, que sempre se esmera em escolher grandes atrizes. Acertou mais uma vez. Tanto Blanchett quanto Hawkins têm totais condições de estarem nas principais listas de premiação por interpretação em 2013.

O espectador não pode deixar de ficar bastante atento, pois a montagem se alterna entre épocas diferentes. O elenco de apoio ainda tem Alec Baldwin, Peter Sarsgaard, Bobby Cannavale, mas são as mulheres as poderosas de Allen neste filme que, sem dúvida, recomendo.

Tommy Beresford

~ por Tommy Beresford em novembro, 19 2013.