[Resenhas] Tropa de Elite 2

Se eu escrever aqui que o primeiro “Tropa de Elite” tinha uma certa dose de romantismo, vão me chamar de maluco. Mas juro que isso me passou pela cabeça ao sair da (lotada) sessão de “Tropa de Elite 2” (depois de várias tentativas de comprar ingresso), um filme sem dúvida mais preciso, conciso, mais direto, com menos exageros e mais duro que o primeiro: cinematograficamente, mais “filmão”, apesar de todo o viés realista (e inevitável). Há menos cenas de violência explícita (mas nem por isso faltam a famosa “cena do saco” ou o momento micro-ondas) E ainda assim, isso não deixa o filme menos “certeiro” (com o perdão do trocadilho). E há sim, juro, menos romantismo, mas isso não deixa o filme menos emocionante.

Nâo vou falar muito da ótima trama, apenas elogiar o apurado trabalho de José Padilha na direção, a montagem eficiente, a ótima fotografia e os desempenhos dos atores. André Ramiro se redime da (na minha opinião) fraca interpretação do primeiro filme, e mesmo atores mais fracos têm bons momentos de emoção. Há grandes atuações, entre elas sem dúvida a de André Mattos, que faz seu apresentador/deputado Fortunato com um pé nas costas. Milhem Cortaz tem menos oportunidades desta vez, mas dá seu show habitual como Fábio. Irandhir Santos é uma gratíssima surpresa, e Seu Jorge vale cada um dos poucos minutos em que aparece.

Há dois grandes destaques. Wagner Moura, óbvio, mostra mais uma vez e cada vez mais que é mesmo um dos maiores atores em atividade no país. São tocantes diversas de suas cenas como o agora Coronel Nascimento, sejam as mais exaltadas na defesa de seus ideais, sejam as que ele mostra seu momento pai, como as duas cenas de luta que, de formas diferentes, ele divide com o filho em duas fases diferentes. Mas impossível não destacar também o pouco conhecido Sandro Rocha, fantástico como Russo (“Cada cachorro que lamba sua caceta”, fenomenal), roubando todas as cenas.

Ao final, o cinema aplaudiu de pé. E não foi exagero: um excelente filme. Torço para que o público seja enorme: há, acredite, quem ache que o cotidiano carioca não tenha cenas como aquelas. O mais difícil é sair do filme pensando que a realidade pode ser ainda pior.

Tommy Beresford

~ por Tommy Beresford em outubro, 13 2010.

3 Respostas to “[Resenhas] Tropa de Elite 2”

  1. Na maioria das vezes tenho vergonha quando batem palmas no fim da sessão, mas esse mereceu, mesmo que eu não tenha entrado na onda das palmas. hehe

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  3. Faço minhas suas palavras, Tommy. Concordo plenamente: o primeiro filme foi mais “poético”, ainda que pareça estranho. Enfim, resenha perfeita.
    O que me deixa arrasada é saber que essa realidade “está lá fora”, e nós aqui, discutindo alfinetes…
    Bjs!

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