[Resenhas] O Retorno de Mary Poppins
O diretor Rob Marshall deu a “O Retorno de Mary Poppins” um timing de “filme antigo” – e isso não é ruim. O espectador acostumado à velocidade frenética dos blockbusters modernos pode estranhar, claro. Mas o início do longa traz uma mensagem de “acalme-se, relaxe e aproveite o lúdico”.
Pois é o lúdico justamente o ponto alto desta continuação que chega mais de cinquenta anos depois do original lançado em 1964. Se falta Julie Andrews, vencedora do Oscar pelo filme, não podemos reclamar: temos agora uma Emily Blunt ao mesmo tempo contida e deslumbrante. É preciso entender que Mary Poppins é o que eu chamaria de “protagonista-escada”, com o perdão da expressão paradoxal. A personagem chega para modificar a vida das pessoas, dando aos demais personagens do fio condutor da história lufadas de um generoso vento cinematográfico para que todos brilhem. Blunt entendeu bem essa função e não ofusca o brilho dos demais atores, e além dela temos especialmente um Lin-Manuel Miranda cativante – os dois cantando muito bem inclusive, e ambos concorrendo ao Globo de Ouro a ser entregue em 2019.
Por falar em premiações, Blunt também concorre ao Screen Actors Guild, e no Oscar o filme pode repetir as diversas indicações às quais o original de 1964 também concorreu, especialmente Efeitos Especiais, Figurinos e Trilha Sonora.
Há pelo menos duas sequências sensacionais em “O Retorno de Mary Poppins”, a que une desenho animado e atores reais e a que traz a coreografia dos “acendedores”: um encantamento sem fim. Nesta última, Lin-Manuel Miranda brilha intensamente com um ótimo time de bailarinos. Preciso citá-lo novamente pois ele é um dos destaques do filme e finalmente brilha no cinema depois de já ter sido laureado com um Prêmio Pulitzer, dois Grammys, um Emmy e três Tonys por seus trabalhos como ator, rapper, compositor e escritor. Por sua canção “How Far I’ll Go” para o lindo longa de animação “Moana”, Miranda recebeu indicações ao Globo de Ouro, ao Critics Choice Awards e ao Oscar 2016/2017, entre outras.
Ainda sobre o elenco, evidentemente é preciso citar Meryl Streep, que faz uma pequena mas deliciosa ponta, e o pequeno Joel Dawson, escandalosa e talentosamente fofo, além dos sempre corretos Colin Firth e Julie Walters. Mas me emocionei de fato com as aparições de Angela Lansbury e Dick Van Dyke, que terminam 2018 ambos com 93 anos. De uma forma geral, além de entretenimento dos bons, é um filme que nos renova as emoções positivas para o ano que está por vir. Compre sua pipoca e viaje.
Tommy Beresford