[Resenhas] A Caixa
Pelo andar da carruagem, “A Caixa” é um dos melhores exemplares, em 2010, da velha máxima “Me engana (trailer!) que eu gosto”. Deve haver gente que odiou o filme, deve até ter gente que amou o filme e… deve ter muita gente que ainda não o entendeu até agora. E gente batendo a cabeça na parede porque foi assistir porque o trailer prometia um thriller bem agitado. Não é.
Eis-me no meio disso tudo. Com uma cara de “filme B” e filmado para ser 1976 embora pareça bem antes, o filme tem um mote até promissor: “O que você faria se recebesse uma caixa com apenas um botão para decidir se aperta ou não, recebendo um milhão de dólares sabendo que a vida de alguém que você não conhece seria eliminada ?”. A primeira meia hora promete no ouvido da gente: “o filme é ótimo”. Não é.
Com direção de Richard Kelly, “A Caixa” foi assistido nos cinemas brasileiros por pouco mais de 100 mil espectadores. Foi baseado num conto do escritor Richard Matheson, “Button, Button”, publicado em junho de 1970 na Revista Playboy, que já tinha sido tema de um episódio da série “Twilight Zone” na década de 80. Matheson é autor de outras histórias que geraram filmes como “Encurralado”, “O Incrível Homem Que Encolheu” e “A Última Esperança da Terra”. Mas a possibilidade de possíveis “invasores” (para lembrar de um outro filme — nada a ver com este — de mesmo nome) se perde no sangue que sai dos narizes a todo momento. Li em algum lugar que o filme seria uma “releitura contemporânea da lenda de Fausto”… Não é.
Pelo mesmo milhão, a decisão de Demi Moore em “Proposta Indecente” parece mais fácil, bem como passar 3 meses confinado na casa do Big Brother Brasil… mas conforme o filme foi sendo produzido acho que o diretor foi esquecendo e se perdendo da ideia inicial: entre o suspense, a ficção científica, o climão meio “Plane B From Outer Space” e o conflito moral de saber que alguém pode morrer por conta de uma decisão sua, Richard Kelly se perde e torna o filme em alguns momentos quase insuportável. A cena do menino no banheiro beira o profundo mau gosto misturado com uma execução bizarra… quase tão bizarra quanto boa parte dos efeitos especiais. Ainda assim, se tudo fosse bem explicado, tornaria o filme mais palatável. Não é.
Ainda que soturna demais, Cameron Diaz (e seu vestido-azul-bafão da festa de casamento) é a única que se salva num filme mais pretensioso do que plausível ou instigante. Já Frank Langella pode tirar este filme de seu currículo: nem ele entendeu seu Arlington Steward. No fundo, é melhor você criar um novo final, o que lhe for mais conveniente para não se sentir frustrado: entre o sonho conjunto de um casal e os problemas psicológicos que a NASA poderia causar ao personagem de James Marsden (duas possibilidades até coerentes diante dessa Pandora toda), fiquei com o primeiro. Gostaria de dizer que o filme é surpreendente. Não é.
Tommy Beresford
~ por Tommy Beresford em setembro, 02 2010.
Publicado em Cinema, Resenhas
Tags: 1 milhão, A Caixa, Big Brother Brasil, Button Button, caixa, Cameron Diaz, Demi Moore, ET, extraterrestres, Fausto, filme B, Frank Langella, James Marsden, marcianos, Marte, Nasa, Proposta Indecente, Richard Kelly, Richard Matheson, The Box, trailer, Twilight, Twilight Zone
rapaz, pra vc não gostar de um filme ele tem que ser muito ruim.
ao cubo!
Reafirmo: o filme é uma grande bomba. Até hoje ainda me pergunto: “que filme é esse?”. Um trailer enganador para atrair os trouxas.