[Resenhas] Vicky Cristina Barcelona

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O cinéfilo que porventura ouvir a frase “O Woody Allen de hoje em dia não é o mesmo Woody Allen de antigamente” pode achar exagero. E é mesmo: Woody Allen continua sendo Woody Allen, com suas melhores características como diretor e roteirista, que causa muito agrado a vários e tédio em outros. Pertenço ao primeiro grupo, mas nem sempre me entusiasmava com todos os seus filmes. De uns tempos pra cá, porém, Allen deixou um pouco seu reduto preferido, Nova York, e tem se aventurado por roteiros que flertaram com o supense e o mistério (como no filme anterior, “O Sonho de Cassandra“) e geraram pelo menos um (‘londrino’) filme de excelência, “Match Point”.

“Vicky Cristina Barcelona” chega bem perto de “Match Point” não só pela qualidade mas pelo frescor com que o roteiro é filmado: Allen levou para os belos cenários de Barcelona – ainda que a Barcelona de cartão postal – uma história desta vez bem mais para o romântico, com uma sensualidade muito bem retratada pelo excelente elenco, e pitadas de humor mas também de dor, em meio a inevitáveis questionamentos morais – tanto dos personagens quanto do público.

Depois das fases Mia Farrow e Diane Keaton, de altos e baixos, Scarlett Johansson tem sido presença constante nos últimos filmes de Allen: além de “Vicky Cristina Barcelona”, esteve nos (dois bons) filmes “Scoop – O Grande Furo” e no já citado “O Sonho de Cassandra”), e está mais uma muito bem, fazendo par com um sempre talentoso Javier Bardem que se mostra mais uma vez à vontade num papel que mistura doses de um Don Juan que fala igualmente bem o inglês, o espanhol e a linguagem da sedução.

Mas são as outras três mulheres que iluminam a telona. Em pequeno papel, Patricia Clarkson sabe sempre o que fazer, uma grande atriz que talvez ainda não seja tão reconhecida pelo público. Rebecca Hall dá o tom ideal de indecisão que a personagem precisa. E Penélope Cruz brilha mais uma vez como a complicada e intensa Maria Elena, roubando todas as cenas.

Destaque para a cena, quase ao final do filme, em que Scarlett anuncia uma decisão importante e a personagem de Penélope ‘surta’ ao mesmo tempo em inglês e espanhol: já vale o ingresso. Por sinal, há sim a tal cena “polêmica” entre ambas que causou alvoroço na mídia durante as pré-estréias mundiais, mas está longe de ter grande importância dentro do filme, embora esteja totalmente dentro do contexto.

A trilha é discreta, mas a música-tema, “Barcelona”, é deliciosa (segundo consta, o grupo “Giulia y los Tellarini” deixou um CD na recepção do hotel em que o diretor estava hospedado, mais um entre muitos que o diretor recebeu de origens diversas: entre tantos, Allen resolveu ouvir justamente este durante um passeio de carro… e adorou – sorte do público).

Fã ou não de Woody Allen, e apesar da recente acusação de plágio e do título que no fundo não significa nada, não perca “Vicky Cristina Barcelona”. Um detalhe curioso (que não entrega o filme): há uma boa narração que permeia todo o longa (e para alguns até desnecessária), e que acaba sendo interessante para quem tem dificuldades com a língua ou está em processo de aprendizado, por sua fácil compreensão.

Tommy Beresford

~ por Tommy Beresford em novembro, 19 2008.

3 Respostas to “[Resenhas] Vicky Cristina Barcelona”

  1. Deste “Match Point” Woody Allen não tinha conseguido fazer um ótimo filme como “Vicky Cristina Barcelona”. Os intermediários, “Scoop” e “O Sonho de Cassandra”, não alcançaram o vigor narrativo de “Vicky…”, este me pareceu bastante divertido e surpreendentemente leve e com um ótimo desfecho. Dá para refletir sobre as escolhas, nem sempre acertadas, do bicho homem. Um dos melhores de Allen, com certeza.

  2. Um excelente Allen. Creio que a fase “européia” do diretor só tem feito bem a nós, cinéfilos. Barcelona é uma cidade linda, própria para um filme leve e romântico como este. Rebeca Hall e Patricia Clarkson estão ótimas e acho que tivemos pouco de Penelope Cruz com a “loca” María Elena. Pena pelo desfecho, mais real que cinematográfico.
    Bjs!

  3. Adorei a trilha! Recomendo……

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