[Resenhas] Hoje Eu Quero Voltar Sozinho

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“Hoje eu Quero Voltar Sozinho” foi assistido, em seus primeiros 18 dias em cartaz, por cerca de 120 mil espectadores no Brasil. Parece pouco se pensarmos em blockbusters como “Rio 2”, que levou mais de 4 milhões e meio de brasileiros aos cinemas. Mas para o filme que é, é um grande feito, e espero que passe dos 200 mil,

E não ache pejorativa a expressão “para o filme que é”, pois sabemos que, atual e infelizmente, para um filme nacional chegar a mais de 1 milhão de espectadores, é preciso muito apelo popular: divulgação pela TV (que basicamente só acontece com as produções da Globo Filmes), atores famosos e, em especial, ser um filme de humor ou um “favela movie”. Nos últimos tempos, parece que apenas os longas que fazem as pessoas rirem têm tido êxito no cinema nacional, com raras exceções (clique aqui para ver as principais bilheterias brasileiras dos últimos 6 anos). Uma pena.

“Hoje eu Quero Voltar Sozinho” recebeu dois prêmios importantes em Berlim – da crítica, na seção Panorama, e o Teddy Bear, chamado de “Urso de Ouro gay”. Enquanto alguns filmes são lançados em dezenas de salas apenas no Rio de Janeiro, o filme foi lançado apenas em 140 salas somando o país inteiro. Mas o boca a boca tem aumentado, o filme virou cult e vem conquistando corações. O filme é dirigido por Daniel Ribeiro, autor de dois curtas (“Café com leite” e “Eu Não Quero Voltar Sozinho”) que receberam mais de 100 prêmios em festivais de cinema do mundo inteiro. O longa é baseado no curta premiado.

Mais que falar de um menino que descobre sua (homos)sexualidade, o longa trata de superação e da relação entre pais e filhos. Sem pieguice e com algumas boas atuações, especialmente Ghilherme Lobo, um ator, locutor, bailarino e cantor de 18 anos que, no filme, interpreta o protagonista Leonardo. Embora possa parecer um filme “lento” e até pueril demais, a história é contada com objetividade e ternura. Não há ênfase no bullying, embora ele esteja sim no filme, talvez apenas piadas demais sobre a deficiência visual, mas sem fazer das dificuldades da cegueira (a física, do protagonista, ou a moral, dos que estão em volta) o foco do filme: é uma história tão simples quanto tocante, repleta de situações singelas e que, independente do fato de Leonardo ser cego ou gay, fala de sentimento, da descoberta do amor, sem sentimentalismos baratos. Recomendo, um belo filme.

Tommy Beresford

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~ por Tommy Beresford em maio, 06 2014.

Uma resposta to “[Resenhas] Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”

  1. Um belo filme no meio do besteirol que impera no cinema nacional atualmente. As pessoas hoje não querem refletir, querem emoções imediatas, do tipo: curti, já esqueci.

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