[Resenhas] Somos Tão Jovens
Eu entendo os que saíram do cinema (público e críticos) decepcionados com o “filme sobre Renato Russo”. O problema é que eles foram assistir a “Nascimento, Vida e Morte de Renato Russo”, e não a “Somos Tão Jovens“, o belo filme de Antonio Carlos da Fontoura que trata, especificamente, de um período compreendido entre 1976 e 1982. Portanto, a ideia não era falar como e onde ele nasceu, onde estudou, quem foram seus amigos de infância, tampouco quais foram seus namorados e namoradas na fase adulta, nem mostrar o parto de seu filho, nem mesmo mostrar qualquer sofrimento por conta da AIDS.
Sendo assim, se você está lendo esta resenha e ainda não foi assistir ao filme, relaxe e aproveite para se emocionar com seis anos da vida e da carreira deste brilhante músico que fará parte de nossas vidas para sempre. Repito que muitos fãs talvez não fiquem plenamente satisfeitos com o fato de o roteiro narrar apenas alguns anos da história do músico, antes dele vir para o Rio de Janeiro e estourar com a Legião Urbana. Mas acho que foi um grande acerto justamente este recorte menos conhecido do grande público. O resto é história, e talvez possamos ver em algum filme posterior, mas não exijam isso deste.
“Somos Tão Jovens” não é brilhante, tem momentos confusos e atuações primárias de boa parte do elenco jovem. Mas a entrega de Thiago Mendonça para retratar o jovem Renato Manfredini Junior dos 17 até 20 e poucos anos é digna de elogios, mostrando com sinceridade o início da carreira como compositor, o Aborto Elétrico e a criação da Legião Urbana. Claramente Thiago foi “encontrando” o personagem durante as gravações, e ele protagoniza cenas que emocionam o espectador. Seu empenho na parte musical também precisa ser elogiado: não esperem que ele “encarne” o cantor e instrumentista com talento semelhante, mas Thiago se preparou para cantar e tocar durante as filmagens. Ponto para ele.
Mas “Somos Tão Jovens” não seria tão bom sem o magnetismo de Laila Zaid, uma atriz que eu não conhecia… e que jovem talentosa ! Justo ela que passou anos em “Malhação” é a que consegue fugir das atuações sofríveis do restante do elenco. Em uma personagem que na verdade é uma união de algumas das amigas de Renato durante a adolescência e início da fase adulta, Laila brilha intensamente.
Antonio Carlos da Fontoura fez o trivial com fritas, mas teve sensibilidade para não exagerar na dose da doença de Renato durante a adolescência, nem adocicou demais suas relações pessoais. Não deixa de citar a bissexualidade, mas também não dá ênfase a ela. O resultado é o foco na sensibilidade musical de Renato, seja na explosão do punk, seja nas criações delicadas de canções inesquecíveis. Sim, elas estão lá, muitas delas, aquelas canções que até hoje cantamos. Cada uma que “aparece” no filme é um arrepio e, em muitos momentos, muitas lágrimas. Chorei baldes.
Deixe de lado, portanto, as expectativas exageradas e viaje nesse emocionante filme.
Tommy Beresford
Falta emoção e profundidade para apenas “seis” anos da vida do grande cantor e ídolo dos anos 80, retratados no filme. Um amontoado de situações que não foge dos cichês dos filmes do gênero. Renato Russo merecia mais.
Pois é “mestre” Tommy, AMEI! Realmente não esperava por “morte e vida de Renato Russo” e achei o filme tocante. Os destaques das letras que já estavam na cabeça desse GÊNIO da música brasileira, desfilados e desfiados durante o filme, comovem qualquer fã que quer saber mais sobre seu ídolo. E eu, como qualquer jovem que “V-I-V-E-U Legião Urbana”, do princípio ao fim, adorei, adorei, adorei…
Seu destaque para Laila é justo, mas Thiago Mendonça realmente fez tudo como eu achava que devia ser… Um Renato Manfredini singelo, delicado sem ser afetado, humano, possível… Enfim, me fez lembrar do meu doce passado de adolescente/jovem ao longo da história do Legião. E isso conta muito…