[Resenhas] Ilha do Medo
A ilha surgindo no meio do mar, logo no início do filme, me remeteu curiosamente a “Spharion”, livro da saudosa Lucia Machado de Almeida, da igualmente saudosa Coleção Vagalume dos tempos de adolescente. Martin Scorsese começa bem o filme, com belas imagens e boas interpretações, cheio de mistério em meio aos agitados designios da natureza — natural e humana.
O mote é simples, pelo menos aparentemente: logo na primeira cena uma balsa leva Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) à tal Ilha do Medo do título; o agente federal chega ao presídio psiquiátrico da ilha acompanhado de outro agente, Chuck Aule (Mark Ruffalo), supostamente para investigar o desaparecimento de uma paciente.
Tudo parece banal, até que… Da metade para frente, o filme se transforma, cresce, para terminar de forma excelente, um roteiro bem sacado coroado pela ótima condução de Scorsese, caprichada direção de arte e excelentes performances. Ainda bem, pois na primeira metade não ficava bem claro se Scorsese pretendia fazer um filme de guerra, um thriller psicológico…
Mark Ruffalo e Ben Kingsley estão ótimos como sempre, a ótima Patricia Clarkson e Max von Sydow fazem boas pontas e DiCaprio está simplesmente sensacional. Vale a pena a conferida, apesar de muitas cenas fortes em torno do holocausto e envolvendo crianças, e nos faz pensar sobre até que ponto podemos “classificar” este ou aquele — ou, em especial, nós mesmos — como em perfeita sanidade… afinal, independente da história de ficção e da época em que o filme se passa, o que é sanidade afinal ?
Em tempo: caso você tenha chegado aqui procurando alguma resenha crítica do filme para um trabalho escolar, lembre-se que o nome do autor e, em especial, o estilo de quem escreve fazem a grande diferença (e não enganam o professor, ainda que você mude uma parte ou outra do texto).
Tommy Beresford
Filmaço! Não me lembro de outro filme que investigue tanto a mente humana quanto esse. O que é normal para o louco é loucura para quem se acha normal. Mas quem pode estabelecer um padrão quando ninguém é igual a ninguém. E Scorsese ilustra esse sentimento com imagens que remetem à história do cinema. Imagens horríveis de se imaginar, filmadas de forma belíssima.
Abs!
Otavio Almeida said this on março, 19 2010 às 3:48 pm |
Fiquei indignado. 2h excelentes de um filme estragados pela última cena que falha ao tentar nos deixar confusos, pensando sobre o que é verdade e o que não é.
E poderia ter sido tão bom.
Matheus said this on março, 19 2010 às 8:40 pm |
Um ótimo filme. Scorsese anda fazendo a linha “adivinhe o final”. Já tentou assim nos Infiltrados. Neste, somos levados pela indignação do personagem de Leonardo DiCaprio e, ficamos todos, indignados em crer na reviravolta que o filme dá. Coisas de gênio do cinema.
Cezar said this on agosto, 09 2010 às 6:16 pm |
Não sei se gostei do filme: talvez minha “implicância” pessoal com Di Caprio prejudique uma boa avaliação. Pra mim Scorcese tenta criar um bom ator onde há apenas um rosto (mais ou menos…) bonito. O filme tem lá seus predicados, mas já vi reviravoltas melhor montadas que esta. Pra não dizer que não gostei de nada, Max Von Sydow e Ben Kingsley estão, como sempre, divinos…
Malice Miller said this on janeiro, 11 2012 às 9:50 am |