[Resenhas] Milk – A Voz da Igualdade

milk_cartazGus Van Sant é diretor de filmes bem diferentes entre si, muitos bastante elogiados, como “Elefante” (que não vi), de 2003. Em “Milk – A Voz da Igualdade”, o diretor certamente tem um de seus melhores momentos, ao unir a boa direção com todos os cuidados técnicos e de escolha de atores que geraram um excelente filme, haja vista os Oscars que conquistou (Melhor Roteiro Original e Sean Penn como Melhor Ator) e concorreu (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante — Josh Brolin –, Melhor Edição, Melhor Figurino e Melhor Trilha Sonora).

Ainda assim, Van Sant não faz um filme apenas didático ou quase documental sobre o primeiro político abertamente homossexual da história da Califórnia. Logo nos primeiros minutos, uma cena de beijo já mexe com o público mais ‘tradicional’. Com o passar do tempo, o filme mostra que não há razão de não ser profundo: me lembrei do excelente “Assim Me Diz a Bíblia” nos vários momentos em que os personagens reacionários tentam justificar a opção sexual, ou comparam homossexuais a bandidos ou prostitutas, ou acham que é uma doença que pode ser ‘consertada’, ou acham que professores gays estão cooptando as crianças para ‘passarem para seu lado’. A grande diferença de Mik para Assim Me Diz a Bíblia é que o segundo tem o tal tom de documentário devido aos depoimentos reais mas não será capaz de atingir a massa dos espectadores potenciais do filme de Van Sant.

Harvey Milk é brilhantemente interpretado por Sean Penn. Brilhante, merecidamente vencedor do Oscar, e nada mais é preciso dizer: vá e veja. Apesar de ter sido Josh Brolin o candidato a Melhor Ator Coadjuvante, é preciso destacar também James Franco, que ilumina a cena em um de seus melhores papéis no cinema. Há uma curiosa citação a uma das maiores artistas da música brasileira em todos os tempos e que infelizmente pouca gente conhece em seu país natal.

Mesmo que alguns torçam o nariz para a afetação ou o sentimentalismo exacerbado de alguns personagens, nada em “Milk – A Voz da Igualdade” soa piegas ou gratuito. Aliás, se você tem alguma reticência em assistir ao filme, deixa-a em casa, ou se livre dela para sempre: vá e veja.

Tommy Beresford

milk_cena

~ por Tommy Beresford em março, 04 2009.

4 Respostas to “[Resenhas] Milk – A Voz da Igualdade”

  1. Também gostei muito. Não achei que Josh Brolin tivesse lá qualquer coisa de especial, já o vi melhor em outros papéis. James Franco eu acabo de conhecer, através deste filme, e Sean Penn, realmente, está divino… Um belo registro de uma época muito difícil.

  2. Qual é a artista brasileira citada? em qual momento do filme?

  3. O filme peca pela “falta de exibicionismo”. Quem viveu os anos 70, em plena era hippie, sabe o que significou todos os protestos que desencadearam as mudanças que vivemos agora. O filme não é abrangente neste conteúdo, mostrando apenas o foco principal, ou seja, a luta de Milk por direitos dos homos. Daria um ótimo filme se o olhar fosse mais além…

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