[Resenhas] O Mestre

o mestre

É curioso pensar que “O Mestre” é dirigido por Paul Thomas Anderson, mesmo responsável por “Sangue Negro“, de 2007, seu filme anterior, estrelado por Daniel Day-Lewis, ator que recebeu seu segundo oscar pelo filme. Em 2013, Day-Lewis concorre (por “Lincoln“) com Joaquin Phoenix, protagonista de “O Mestre” (e, na minha opinião, cada vez mais parecido fisicamente com Day-Lewis). No páreo deste ano (esta resenha foi escrita três semanas antes da cerimônia de entrega do Oscar), Day-Lewis leva vantagem pelos inúmeros prêmios que já conquistou (incluindo Screen Actors Guild e o Globo de Ouro por filme dramático); já Phoenix foi eleito melhor ator em três oportunidades: pela Austin Film Critics Association, London Critics Circle Film Awards (Actor of The Year) e Los Angeles Film Critics Association Awards.

O fato é que “O Mestre”, extremamente elogiado por alguns críticos, foi esnobado pela Academia, talvez porque os votantes não tenham entendido o filme. De fato, é difícil: a Academia gosta de linearidade, clareza, conclusão e o filme de Paul Thomas Anderson no fundo não apresenta nada disso completamente. Há também a controvérsia de que o personagem Lancaster Dodd teria sido inspirado em L. Ron Hubbard, o criador da Cientologia. Seja como for, o filme é muito bem dirigido, tem um bom roteiro que fala sobre charlatanismo e crença com pequenas doses de erotismo (coisa que também talvez tenha contado para a rejeição no Oscar, grande bobagem) e bela fotografia, mas a força do filme está mesmo na intensidade de seus atores.

Joaquin Phoenix

Joaquin Phoenix

A safra de 2012 é muito rica em grandes interpretações, é fato. Há muito tempo não tinha vontade de aplaudir um ator em cena aberta — e isto é cinema, não teatro. “O Mestre” me deu logo dois grandes atores duelando como monstros, intensos, incríveis. Joaquin Phoenix merece o Oscar e todos os prêmios disponíveis no mercado. Mais que maravilhoso: assombroso. Já o vimos em outros grandes papéis, incluindo “Johnny & June”, pelo qual ganhou o Globo de Ouro em 2005, mas talvez sua performance em “O Mestre” seja a mais impressionante, a de maior entrega.

Com mais sorte, a estatueta pode parar nas mãos de Philip Seymour Hoffman, que concorre como Melhor Ator Coadjuvante. O ator (que já ganhou a estatueta por “Capote” em 2006 como ator principal) levou por seu Lancaster Dodd a maior parte dos prêmios de coadjuvante do ano, mas perdeu os dois principais, o Globo de Ouro para Robert De Niro (por “O Lado Bom da Vida”) e o Screen Actors Guild para Tommy Lee Jones (por “Lincoln”). Hoffman brilha. Todas as cenas de Phoenix e Hoffman, por sinal, são de tirar o fôlego e, para um cinéfilo como eu, emocionam imensamente. Curiosamente, os embates entre ambos me remeteram a outra dupla, justamente de “Sangue Negro”, Daniel Plainview e o pastor Eli Sunday (respectivamente Daniel Day-Lewis e Paul Dano), pela intensidade e beleza de interpretações dirigidas por Paul Thomas Anderson.

Philip Seymour Hoffman

Philip Seymour Hoffman

Necessária também é uma menção a Amy Adams, que por este filme ‘roubou’ de Anne Hattaway quatro dos prêmios de Melhor Atriz Coadjuvante do ano, e a já citada fotografia de Mihai Malaimareh Jr., vencedor de vários prêmios pelo filme mas infelizmente esquecido no Oscar, mais uma injustiça.

Gostei bastante, mas “O Mestre” talvez não seja considerado um grande filme para alguns porque, embora recheado de cenas aflitivas e intensas (sempre Phoenix e Hoffman brilhando juntos), é chato em alguns momentos e carece de explicações — para muitos espectadores fica um pouco na seara do “sem pé nem cabeça”: não se chega à conclusão se o método é uma farsa ou não, por exemplo. Mas estas são falhas apenas de conclusão de uma obra que talvez tenha mesmo objetivado ficar “em aberto”: o fato é que, assim como Joaquin Phoenix e Philip Seymour Hoffman são dois dos melhores atores em atividade, o jovem diretor Paul Thomas Anderson (nascido em 1970) prova mais uma vez que é um dos melhores cineastas da atualidade.

Tommy Beresford

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~ por Tommy Beresford em fevereiro, 06 2013.

Uma resposta to “[Resenhas] O Mestre”

  1. É Tommy, o nome de Paul Thomas Anderson foi o que me “balançou” neste filme… Citado por Fernando Meirelles como O MELHOR diretor da atualidade, presto muita atenção a seus filmes. Em “Sangue Negro”, sem dúvida, o embate entre Day-Lewis e Paul Dano foi dos melhores. Já em “O Mestre”, fiquei perdidona… Ou melhor: perdidaça! (risos)
    A começar que o ‘mestre’, na verdade, é Hoffman e não Phoenix como imaginei a princípio. O personagem de Phoenix é muito bem caracterizado e Hoffman, como sempre atua muito bem. Mas… não curti adoidado as cenas de ambos. Gostei e ponto. Ao contrário de Adams, a quem admiro a cada dia mais – que papel, hein?
    Enfim, fico no meio do “sem pé nem cabeça”, tendo “fechado” o filme na TERCEIRA vez que insisti em assisti-lo: nas duas primeiras, dormi… 😦

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