[Resenhas] Dezesseis Luas

cartaz 16-luas

Eu devo ter algum problema. Consigo gostar tanto de filmes “profundos” (aspas nisso) quanto de filmes “menores” (mais aspas ainda)… tudo isso, claro, na classificação de uns e outros, e vocês já sabem bem o quanto eu detesto classificações e rótulos. Seja como for, gostei bastante de “Dezesseis Luas”, um filme bem mais simples e interessante que, por exemplo, “Crepúsculo”, cuja saga também gostei bastante.

Mas é preciso parar por aí nas comparações. Se todo novo filme com o mote “um casal de jovens se apaixona mas seu amor é impedido por uma barreira instransponível” for comparado a Twilight, estaremos reduzindo o cinema ao século 21, negando centenas de outros filmes extremamente interessantes, alguns clássicos, que apareceram no cinema por todo o século 20. E, claro, por toda a história do cinema, comparações de novos filmes com outros que os precederam com imenso sucesso popular foram feitas, em geral sem razão de ser.

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Não tendo lido o livro ainda, é interessante se deparar com uma versão cinematográfica relativamente simples e sem muitos parangolés, talvez mais enxuta por conta do diretor e também roteirista Richard LaGravenese (de “P.S. Eu Te Amo”), responsável pelo desenvolvimento tramas de filmes como “As Pontes de Madison”, “O Espelho Tem Duas Faces” e “O Encantador de Cavalos”. Isso não significa que “Dezesseis Luas” escape de alguns diálogos sofríveis. Mas ao menos Alden Ehrenreich e Alice Englert forma uma dupla de protagonistas menos açucarada e mais carismática e interessante do que Robert Pattinson e Kristen Stewart — não estou medindo talento, ok ? Mas, para os fãs de Crepúsculo não ficarem zangados, ainda assim a trama de “Crepúsculo” talvez tenha ficado intrincadamente mais apaixonante durante o desenvolvimento da saga, o que só saberemos se outros filmes com Ethan e Lena chegarem aos cinemas, o que é bem provável.

Voltando aos protagonistas, para quem ainda não os conhece, Ehrenreich faz um Ethan espirituoso: com apenas 23 anos, em seu currículo talvez apenas “Tetro”, de Francis Ford Coppola, possa ser destacado por enquanto. Alice Englert é ainda uma iniciante, é filha da diretora Jane Campion, do inesquecível “O Piano“, e em 2012 fez um filme que ninguém viu no Brasil, “Ginger & Rosa”.

Seja como for, já vale o ingresso uma produção com coadjuvantes como Jeremy Irons, Viola Davis e Emma Thompson, esta última como destaque absoluto, até porque tem o melhor texto e faz com ele o que quer: Emma sabe chegar ao limite do exagero sem ultrapassá-lo. São três atores estupendos que gosto muito de ver nas telas fazendo qualquer papel. “Dezesseis Luas” também tem uma ótima produção de arte e efeitos visuais competentes. Destaque para os figurinos, ótimo contraste entre as roupas dos feiticeiros e as da comunidade tradicional da cidade. Há uma boa dose de humor durante a trama (“Nem os filhos de satã aguentam continuações”, talvez uma premonição do que virá a seguir…) e o foco não está no romance vai-não-vai do casal, mas na velha questão do que o destino nos reserva, ou que podemos fazer em meio às decisões que tomamos.

Alice Englert

Alice Englert

Não julgarei aqui a profundidade da trama: acho que uma história como esta não precisa mesmo ansiar por mostrar algo que marque profundamente as vidas de quem a assiste ou, no caso do livro, de quem a lê. Ainda assim, como sempre procuro o lado bom dos filmes, fico feliz quando vejo os protagonistas enfiando a cara em livros, colecionando poesia, praticamente morando em bibliotecas e envolvidos com Charles Bukowski, Henry Miller, Jane Austen e (iupi!) Harper Lee. Talvez os espectadores brasileiros nunca tenham ouvido falar nesses nomes, e não ouso acreditar que os procurarão depois de assistir ao filme… mas a esperança, ainda a que venha do entretenimento cinematográfico, é a última que morre (ok, vocês venceram: minha resenha sobre “Crepúsculo” começa justamente valorizando as citações culturais… Vixe.

Em tempo: eu se fosse Alice Englert processava quem entortou e inchou seu rosto no cartaz acima. Ou será uma dublé de rosto ? Compare com o segundo cartaz. Fala sério.

Tommy Beresford

cena dezesseis luas

~ por Tommy Beresford em março, 07 2013.

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