[Resenhas] A Garota Ideal
Não se deixe enganar pelo título em português: “A Garota Ideal” pode até sugerir uma comédia. Mas apesar de em alguns momentos você rir das situações vividas pelo protagonista Lars Lindstrom, a produção do diretor Craig Gillespie não tem nada de cômica. E é um filmaço.
Introversão, timidez, qualquer expressão do gênero é insuficiente para definir o personagem brilhantemente interpretado por Ryan Gosling: mais que um homem solitário, ele tem sérios problemas de socialização, que se originam em seu passado de ausência da mãe, de um irmão que partiu cedo de casa. O simples toque de um estranho em seu corpo o incomoda. Não aceita nem um café da manhã com a cunhada grávida (Emily Mortimer, ótima) e seu irmão (Paul Schneider), que moram a poucos passos dele.
Real dolls já são conhecidas do público: bonecas caríssimas (para o poder aquisitivo brasileiro e em comparação com aquelas aberrações infláveis de boca aberta), em tamanho natural, feitas de material especial que fazem as mesmas parecerem reais (homens e mulheres). O comprador pode escolher até tamanho de seios, cabelos, enfim… tudo, inclusive aquilo que você pensou. O melancólico Lars resolve, do nada, comprar uma, entregue numa caixa, e ele a enxerga como uma namorada real: fala com ela, a põe para dormir: seu nome é Bianca (meio dinamarquesa, meio brasileira, de acordo com Lars). Para não contar mais, preste bastante atenção na personagem interpretada com precisão por Patricia Clarkson que, de forma mais contumaz do que o resto da cidade mas igualmente com ternura, entra no jogo imaginário de Lars.
Fiquei preocupado no decorrer do filme que o (excelente) roteiro de Nancy Oliver levasse o filme a situações previsíveis ou caricatas, o que felizmente não acontece. Um retrato realmente humano (sem trocadilhos com Bianca) que comove e faz pensar. Pegue na sua locadora: é imperdível.
Tommy Beresford
Um ótimo filme para pensar. As relações tão superficiais que existem hoje, onde não se valoriza o sentimento, faz desse filme algo alem do que uma “real doll”. Ganha por não cair no grotesco que algumas mentes poderiam levar ao imaginar uma “relação” apenas, vamos dizer assim, “material”.
um filme otimo