[Resenhas] Frozen – Uma Aventura Congelante

frozen cartaz

Desde a estreia de “Frozen”, no início de 2014, até o momento da elaboração desta resenha, já assisti à animação da Disney quatro vezes, por motivos diversos. E não me canso de assistir. Sem dúvida, é uma das melhores animações lançadas pela Disney desde o trio de ouro dos anos 90 (“A Bela e a Fera”, “Aladdin” e “O Rei Leão”) e capaz de entrar em qualquer lista de melhores filmes da Disney em todos os tempos — desde que a lista seja grande, claro, afinal são tantos clássicos… Eu estava, portanto, devendo a resenha deste imperdível longa que encanta todas as idades.

O filme já é o maior sucesso de arrecadação da Disney dos últimos 20 anos, justamente desde “O Rei Leão”, e no Brasil ultrapassou os 4 milhões de espectadores em menos de 40 dias: sem dúvida, os pais têm levado seus filhos aos cinemas mais de uma vez, pois algumas crianças já saem cantando algumas canções junto com os personagens… Outro feito de “Frozen” é ter sido o primeiro filme da Disney a superar uma animação da Pixar, a outra empresa famosa do grupo, lançada no mesmo ano nos EUA (“Universidade Monstros”). Uma curiosidade: “Frozen” vinha sendo planejado há mais de dez anos, mas só depois que Ed Catmull e John Lasseter — os grandes mentores da Pixar — assumiram a Disney Animation de fato é que a produção começou a tomar corpo. Como as cabeças ainda são, lá como cá, muito sexistas, “A Rainha da Neve” acabou virando “Frozen”, tal como “Rapunzel” virou “Enrolados”, para não passar a tacanha ideia de que era um “filme para meninas”…

Idina Menzel

Idina Menzel

Sem dúvida, o primeiro acerto da Disney, entre tantos, foi apostar numa história clássica (o sombrio conto de Hans Christian Andersen chamado justamente “A Rainha da Neve” e escrito em 1844), que na verdade serve apenas de inspiração para a construção de um roteiro muito bem urdido, uma história contada de tal forma que prende o fôlego de crianças e adultos nas partes mais tensas e diverte sem ser histriônico. A relação entre as irmãs Elsa e Anna, as questões sobre como enxergamos o poder e o amor, tudo está muito bem colocado no filme. O filme tem um ar de “A Bela e a Fera” em alguns momentos, a animação é extremamente caprichada e o 3D entra só em momentos realmente importantes, os dois castelos são sensacionais… O início é arrebatador (ainda que não explique a origem do poder de Elsa) e o final… o final é inesquecível.

Para as dublagens, a produção original americana apostou em vozes mais que tarimbadas, sem convidar “medalhões hollywoodianos”, outro enorme acerto: por aqui, infelizmente pouca gente conhece de nome Idina Menzel (mas que você certamente lembrará como a antagonista de Amy Adams no delicioso “Encantada“), Kristen Bell (da série de TV “Veronica Mars”, que em breve chega aos cinemas como filme) e Jonathan Groff (que participou de “Glee”). Mas a dublagem brasileira é excepcional, com nomes como Érika Menezes e Gabi Porto (nas canções) para Anna, a talentosa Taryn Szpilman arrasando como Elsa, além de Raphael Rossatto (Kristoff) e Olavo Cavalheiro (Hans). O nome mais conhecido é o de Fábio Porchat, numa participação minuciosamente estudada, com um humor comedido e bastante focado, criando assim o encantador Olaf com maestria. Não poderíamos deixar de citar o único personagem que não fala no filme, Sven. Os produtores levaram uma rena de verdade para o estúdio, descobrindo que ela também coça, como um cachorro, as orelhas com as patas traseiras…

frozen cantoras

A trilha sonora é um deleite à parte. Claro que foram necessárias muitas “licenças poéticas” para adequar as canções de Robert Lopez e Kristen Anderson-Lopez à língua portuguesa, mas as versões são deliciosas. “Let It Go”, a canção que concorre ao Oscar, aqui virou “Livre Estou”, e é realmente excelente. Mas todas são ótimas, e minha preferida é “Fixer Upper”, a canção dos trolls, que em português virou uma hilária “Reparos”, que ainda conta com a participação do grande talento de Gottsha fazendo a voz de Bulda (no CD da trilha, Gabi Guimarães, Gustavo Pereira, Marcelo Sader e Alexandre Moreno também estão entre os intérpretes das versões brasileiras das canções). Tudo uma maravilha.

Taryn Szpilman

Taryn Szpilman

O único porém do filme (além, claro, do desnecessário subtítulo em português “Uma Aventura Congelante”) só vem mesmo depois do filme acabar: a versão absolutamente dispensável de Demi Lovato para “Let It Go”, apresentada durante os créditos do filme. What for ? Nada contra Demi, mas felizmente o Oscar 2013/2014 não vai cometer o erro de não contar com Idina Menzel arrasando na cerimônia. Não posso deixar de frisar, mais uma vez, a interpretação poderosa de Taryn Szpilman na versão brasileira desta intensa canção, que pontua uma das cenas mais impressionantes do filme.

Todos os concorrentes de “Frozen” na disputa das principais premiações do ano possuem grandes qualidades, como “Meu Malvado Favorito 2” e, especialmente, “Os Croods”. Mas este é o ano de “Frozen”, que reúne amor, aventura, tensão, bom humor e boa música (e que, só para constar, é dos mesmos criadores de outros recentes e excelentes longas de animação, “Enrolados” e “Detona Ralph”). Recomendo imensamente.

Em tempo: entre cedo na sala escura, para não perder o curta-metragem (também candidato ao Oscar). Mantendo a tradição dos excelentes curtas que sempre antecedem os longas de animação, “Get a Horse!” (em português, “Hora de Viajar”) é imperdível.

Tommy Beresford

frozen

~ por Tommy Beresford em fevereiro, 13 2014.

Uma resposta to “[Resenhas] Frozen – Uma Aventura Congelante”

  1. Apenas para acrescentar ao belíssimo post de Tommy, achei o desenho, como num todo, concebido como uma grande opera. Os cenários e a entrada de cena dos personagens dá a crer que estamos vendo uma bela opera num teatro e a música contribui muito para esta encenação. O traço do desenho me lembrou muito ao do mangá japonês.

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