[Resenhas] Amor Sem Escalas
Li recentemente que “Amor Sem Escalas” é baseado num livro de 2001, que parece já tão distante. Depois descobri, também recentemente, que o diretor deste premiado filme estrelado por George Clooney, Jason Reitman, é o mesmo de “Juno“, que parece tão recente e cada vez mais atual. E então fiquei pensando no quanto de bom Reitman já carrega em sua bagagem (ou, no jargão do filme, mochila) cinematográfica.
Pena que o título em português de “Up In The Air” e a sempre hipnotizante presença de Clooney enganem o espectador, vendendo o filme como uma comédia romântica. Não é. Com a crise econômica americana como pano de fundo, atualizando ainda mais a proposta do livro, o filme traz Clooney no papel de um “Conselheiro de Transições de Carreira”: melhor não explicar muito, para não perder a graça.
Mas ainda que sua relação profissional com a personagem de Anna Kendrick (ótima, ela nos faz esquecer de sua participação em “Crepúsculo”) gere alguns momentos bem humorados, como a cena em que ela explica, também na presença da personagem da (formidável) Vera Farmiga o término de sua relação, nada é engraçado no filme, que trata acima de tudo de solidão, de “as aparências enganam”, enfim, de comportamento humano diante não somente das adversidades que a função de Clooney e Kendrick “oferecem” às pessoas, mas de sua própria relação com os que nos cercam, que muitas vezes parecem tantos mas dos quais muitas vezes “recebemos” — muitas vezes por nossa própria opção — tão pouco.
Quantas vezes não colocamos como objetivo de vida algo tão surreal ou impossível de ser alcançado, cegos a outras conquistas e alegrias tão mais palpáveis e próximas, que deixamos escapar… O “questionamento da mochila”, que gera as palestras que o personagem principal ministra por seu país como seu segundo ‘emprego’, entra neste contexto: somente quando o personagem de Clooney percebe o valor das perdas e ganhos pelas quais sua “vida voadora” ele entende que é preciso rever seu próprio conceito “de vencedor”.
Atenção: se você sair do cinema alegre ou se achando o melhor biscoito do pacote, melhor repensar sua própria vida. E se não sair assim, vale a pena refletir também sobre como você anda tratando seus objetivos, prioridades, pessoas queridas, sobre o que você realmente quer “carregar em sua mochila”…
Vale ainda ressaltar a excelente direção de Reitman, que dá ao filme um andamento tranquilo como pouco se vê hoje em dia nos filmes americanos, a ótima abertura e gostosa música final, a visão diferente dos EUA fora dos cenários tradicionais de Nova York, Los Angeles ou Las Vegas, as pequenas participações de atores conhecidos ou não como os trabalhadores que recebem a “boa nova”, e a brilhante interpretação de George Clooney, num papel que parece fácil, mas definitivamente não é. Nem nos cinemas, nem na vida real.
Em tempo: caso você tenha chegado aqui procurando alguma resenha crítica do filme para um trabalho escolar, lembre-se que o nome do autor e, em especial, o estilo de quem escreve fazem a grande diferença (e não enganam o professor, ainda que você mude uma parte ou outra do texto).
Tommy Beresford
Ainda estou assimilando a estoria deste filme. Faz pensar. Num mundo conflituoso de vencedores e derrotados, salva-se a esperança e nela, o personagem princial (Clooney), tenta se agarrar, numa rotina de vai-e-vem de viagens aereas nem sempre prazerosas nos seus objetivos. Vale a pena ver.
Apesar da figura de galã de Clooney, seu personagem é a síntese do que seria adequado ser em nossos “tempos líquidos”. A história é boa, as questões levantadas fazem pensar – e muito – e particularmente adorei a fotografia do filme. Vale a pena!
Adorei seu texto.
Amor sem escalas foi um dos melhores filmes dessa temporada 2009-2010. George Clooney merece destaque, a sua atuação foi muito natural. Outro ponto positivo foi o roteiro, com ótimos diálogos que fazem o espectador refletir, se emocionar e se divertir. Enfim, uma combinação perfeita que acompanha o ritmo tranquilo do filme.
Jason Reitmen também merece destaque, é um excelente diretor e acho que Amor sem escalas foi o seu melhor filme até hoje. Reitmen é um dos nomes com mais potencial dessa nova geração de diretores do cinema.
Parabéns pelo blog 😀
Obrigado pela visita e pelo comentário. Volte sempre !
Grande abraço,
Tommy
“Up in the air” (sim, em inglês, porque o título em português é lamentável) é um filme que me tocou bastante. Envolve muitos elementos da psicologia, principalmente a do trabalho, o que acaba transformando esta bela produção em algo não só para ser assistido, mas sim refletido, também. Para mim, a solidão é um tema bastante delicado, tendo sido tratada com bastante suavidade, sem estereótipos, pelo filme.
Ótima resenha a sua!
Obrigado pela visita e pelo comentário, e parabéns pelo belo blog.
grande abraço
Tommy