[Resenhas] Thor

“Thor” é um filme de Kenneth Branagh, o que pode nos remeter a filmes como “Muito Barulho Por Nada” ou “Voltar a Morrer”, só para citar dois que pertencem à minha extensa lista de filmes favoritos. Mas “Thor” também é um filme da Marvel Studios onde somos apresentados a Asgardianos, aqueles seres imortais de outra dimensão que poucos conhecem ou se lembram, mesmo os que assistiam ao antigo desenho “pouco-animado” (onde só uma parte do desenho se mexia, hoje é algo quase bizarro mas que na época divertia muito as crianças).

A mistura funcionou: a mitologia nórdica de Thor — interpretado pelo desconhecido mas competente Chris Hemsworth — príncipe aparentemente tão impetuoso quando tolo, filho de Odin (Anthony Hopkins, na medida certa), aparece nas telonas com profundidade e a mesmo força do martelo Mjolnir. Curiosamente, a história que poderia ser por demais incompreensível para o público sem intimidade com os quadrinhos acaba sendo desenvolvida com clareza (explicações sucintas, sem excesso de lenga-lenga) e até leveza, ainda que em meio a tanta exuberância.

Asgard impressiona. Bastaria a bela concepção da Ponte do Arco-Íris, mas há muito mais. Há muitos anos não assistia a um filme com uma cenografia e direção de arte tão impressionantes, mais ainda que os efeitos especiais. O 3D não é tão importante no filme, mas ajuda a que o impacto seja ainda maior. Em outro ponto do universo retratado no filme, o ótimo Colm Feore, que interpreta Lafey debaixo de uma caracterização soberba, comanda um espetacular exército de gigantes do gelo, num planeta azul igualmente impressionante.

Por sinal, voltando aos atores, além dos já supracitados, é necessário destacar Tom Hiddleston, que interpreta Loki (e que já trabalhou com Kenneth Branagh atuando numa série de TV, “Wallander”), pau a pau com Anthony Hopkins no duelo de qualidade interpretativa (ainda que pareça fácil para ambos). Palmas para o diretor Branagh, que conseguiu extrair de Hopkins sua melhor atuação em muitos anos, depois de vários “mais do mesmo” e até bizarrices (não consigo engolir “O Lobisomem”, lamento), e permitiu a Hiddleston construir um vilão tão sutil quanto convincente. Rene Russo é desperdiçada, num personagem sem força e sem espaço, mas nem tudo é perfeito.

Já na Terra, o filme parece mais frágil: apesar da presença de Natalie Portman, há uns contornos “ET Go Home” estranhos, beirando o spielberguiano mas sem muito sal. Há um pouco de carga romântica forçada: o tão poderoso Thor vem de um lugar tããão diferente e basta uma fogueirinha e alguns sorrisos para gamar na jovem cientista (e pela Terra também, diga-se de passagem). Ok, virão mais 5 filmes por aí, mas…

Seja como for, é um excelente filme, um dos melhores do ano até agora. Um espetáculo suntuoso, mas com a marca de qualidade de Kenneth Branagh permitindo que o filme não seja apenas mais um “filme de heróis”. Não perca.

Tommy Beresford

~ por Tommy Beresford em maio, 04 2011.

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