[Resenhas] Trovão Tropical
O mais importante ao resolver assistir a “Trovão Tropical” é não chegar atrasado à sessão. Um dos grandes destaques do filme é a sequência inicial, que pode confundir o espectador menos atento mas que é uma das grandes sacadas deste divertido blockbuster dirigido por Ben Stiller, que protagoniza o longa.
O filme não tem nada de politicamente correto, muito pelo contrário: em meio um personagem com retardamento mental (que gerou críticas de diversos órgãos), citações a adoção de crianças e até de pandas, Stiller navega bem entre a galhardia e a crítica a artistas – certamente alguns amigos seus – que se promovem por meio de clichês ou que são conhecidos por seus ataques de estrelismo. Tal tipo de humor pode incomodar a alguns, mas a mistura funciona e atinge bem o público, ainda que no início fique a impressão que a escatologia dominaria toda a trama – felizmente, isto não acontece.
Outro ponto importante é que, ainda que usando a fórmula nada inédita de “um filme dentro do outro”, felizmente Stiller não caiu na opção mais fácil, a de parodiar diversos filmes. Seja como for, inevitavelmente “Trovão Tropical” remete, em citações quase todas bastante sutis, a diversos filmes, em especial os de guerra.
A produção é caprichada. Stiller tentou se cercar de nomes como o diretor de fotografia John Toll (de filmes como “Coração Valente”) e de um elenco bem escolhido, embora as chamadas feitas em torno de “três protagonistas” enganem um pouco: enquanto Robert Downey Jr mostra seu talento habitual numa caracterização quase inacreditável, Jack Black está perdido em um personagem fraco e quase sem graça.
Bem mais interessantes que Black são as participações especiais. Steve Coogan, Nick Nolte e Matthew McConaughey fazem excelentes pontas de luxo. Há cenas rápidas com nomes como Jennifer Love Hewitt, Jon Voight, Jason Bateman, Tyra Banks e Lance Bass fazendo eles mesmos. Mas – para surpresa de muitos – é um impressionante Tom Cruise que rouba a cena num personagem igualmente impressionante (e hilário). Muitos espectadores, por sinal, só descobriram que era Cruise quando os créditos (que merecem ser vistos) confirmam o fato.
Se não é um filme excepcional, pelo menos é uma ótima diversão que gera boas gargalhadas. Bote o pacotão de pipoca no colo e divirta-se.
O filme seria melhor se conseguisse levar o deboche das seguências iniciais para dentro do roteiro. Se perde muito nos clichês e a piada sou falsa. Somente Tom Cruise se destaca numa atuação prá lá de reveladora, talvez a melhor da sua carreira.