[Resenhas] Missão: Impossível – Nação Secreta

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Com uma hora de exibição, a sala quatro do Kinoplex São Luiz (sempre ela) aprontou mais uma das suas: tela preta. Felizmente a questão foi solucionada em poucos minutos e o filme voltou do mesmo ponto: teria sido muito frustrante se tivéssemos que receber o ingresso de volta para assistir novamente, em outra sessão, ao excelente “Missão: Impossível – Nação Secreta”. Justamente porque o filme envolve o espectador de tal modo que é difícil desgrudar os olhos da tela, e assistir novamente à primeira hora na verdade seria aguardar mais que ansiosamente a hora seguinte.

Christopher McQuarrie assumiu esse novo filme, e o fez com maestria: incrível a direção, apoiada por uma ótima fotografia, um roteiro que nos captura e uma edição de som já entre as possíveis indicadas ao Oscar, usando inteligentemente não só a música original mas inclusive os momentos onde a música poderia soar desnecessária (na apneia, por exemplo…).

Desde que migrou para os cinemas, a saga “Missão: Impossível” é sempre digna de ser assistida e o episódio anterior, “Protocolo Fantasma”, já tinha sido bem sucedido. É claro que o risco de repetição de déjà vù é maior, mas “Nação Secreta” vence todas as dificuldades. Bird constrói um grande filme. A incrível sequência da Ópera de Viena (com um toque de Hitchcock, quiçá uma homenagem ao mestre) já valeria o ingresso.

Tom Cruise é um ator que eu chamaria de “imageticamente limitado”: embora já tenha surpreendido nas caracterizações de “Entrevista Com o Vampiro”, “Rock of Ages” e no inacreditável “Trovão Tropical”, o público sempre espera sua carinha de anjo e físico malhado, e ele se mantém “inteiro”, apesar das (até poucas) rugas inevitáveis dos 53 anos. Não ser um camaleão em cena nunca o impediu, porém, de fazer interpretações dignas de nota em um grande cabedal de filmes dos mais díspares: tendo estreado em 1981, estourou mesmo a partir de 1986 com “Top Gun”, “A Cor do Dinheiro”, “Cocktail”, o premiado “Rain Man”, mas quase todos os seus filmes foram marcantes em uma carreira de cerca de 40 filmes com 3 indicações ao Oscar (“Nascido em 4 de Julho”, “Jerry Maguire” e, como coadjuvante, “Magnólia”). A franquia “Missão: Impossível” talvez seja justamente a que menos solicite dele excelência dramatúrgica, mas o joga num excitante set de exigência física em meio a perigos onde até dispensa dublês. A cena do avião, amplamente explorada nos teasers na internet e exibida à exaustão antes de outros filmes, é uma prova disso. Cruise está na medida certa, mais uma vez.

Rebecca Ferguson é um achado. No meio da gravação de uma minissérie (ironia do destino: no Marrocos), a atriz sueca indicada a um Globo de Ouro (por “The White Queen “, concorreu a melhora triz em minissérie ou filme para TV na cerimônia de 2014) recebe um telefonema que a informava ter sido escolhida como protagonista feminina de “Nação Secreta”. Em 24 horas lá estava ela em Londres assinando contrato. Em entrevista recente, conta que Cruise não agiu com ela com escudos ou estrelismos, e isso sem dúvida deve ter sido ótimo para dar a química tão impressionante entre os dois personagens. Com sua Ilsa (talvez uma citação a “Casablanca”… olha o Marrocos aí de novo), Rebecca está ótima, talentosa e bela na medida certa para o papel.

O resto de elenco funciona muito bem. Do impecável Simon Pegg ao discreto Jeremy Renner, não podemos deixar de destacar um impressionante Alec Baldwin, o sempre correto Simon McBurney e um Ving Rhames roubando as poucas cenas em que aparece. Ainda que misturando o inexpressivo com o over, Sean Harris se sai bem como o grande vilão da trama.

Ação eletrizante, humor sem exageros, suspense em doses incríveis, ritmo sem concessões a “linguiças”: “Misão: Impossível não perde o viço. Recomendo como um dos melhores filmes da série cinematográfica e um dos melhores filmes do gênero dos últimos anos.

Tommy Beresford

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~ por Tommy Beresford em agosto, 14 2015.

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