[Resenhas] Shame

Mais que atores, Hollywood anda com uma boa safra de diversas jovens atrizes, na faixa dos 20 a 30 anos ou um pouquinho mais, extremamente talentosas. Vale citar Jennifer Lawrence (nascida em 1990), Keira Knightley (1985), Emily Blunt (1983), Michelle Williams (1980), Amy Adams (1974), entre muitas outras. Mas talvez Carey Mulligan (1985) seja a mais impressionante. Vinda de filmes onde brilha intensamente e tão díspares entre si, como “Não Me Abandone Jamais” (2010), “Educação” (2009) e o recente “Drive” (2011), todos excelentes, curiosamente ela só chegou aos cinemas em 2007, vinda de diversas participações em séries de TV. Carey rouba a cena de Shame: o filme já valeria por ela.

Mas “Shame” tem muito mais. A produção não é a primeira parceria do ator Michael Fassbender — este sim protagonista do filme — com o diretor Steve McQueen: como um presidiário irlandês em greve de fome, Fassbender foi muito elogiado em “Hunger”, primeiro longa de McQueen, de 2008 (não confundir com o veterano ator falecido em 1980: o diretor de “Shame”, atualmente com 42 anos, chama-se Steve Rodney McQueen).

É um filme difícil, por vezes pesado e lento, mas excelente. Premiado com o CinemAvvenire Award e também com FIPRESCI Prize no Festival de Veneza, o filme fala sobre sexo e, portanto, há cenas bem quentes, com direito a nudez frontal de Fassbender, que interpreta justamente um indivíduo com compulsão por sexo. Escravizado por estes desejos incontroláveis que o perseguem em todo lugar — incluindo aí metrô, trabalho, lar — , Brandon é no fundo um homem triste, e a chegada da irmã em sua casa não apenas tira sua “liberdade” (que no fundo não existe), mas o desestrutura justamente por perceber nela sua antítese mas em parte também suas mesmas imperfeições. Fassbender brilha.

A interessante fotografia de Sean Bobbitt e a ótima trilha sonora de Harry Escott (de “Meninama.com”) valoriza a trama num filme injustamente ignorado pelo Oscar 2011/2012. No mínimo Fassbender merecia uma indicação a Melhor Ator: foi eleito melhor ator no Festival de Veneza e também pelo British Independent Film Awards, pelo Chicago Film Critics Association Awards, pelo Irish Film and Television Awards, pelo Florida Film Critics Circle, pelo Evening Standard British Film Awards, pelo Online Film Critics Society Awards, pelo Vancouver Film Critics Circle, ator britânico do ano pelo London Critics Circle Film Awards e — ufa! — ainda levou uma indicação ao Globo de Ouro.

Mas é impossível terminar sem citar novamente Carey Mulligan (premiada como Melhor Atriz Coadjuvante no Hollywood Film Festival pela dupla “Shame” e “Drive”). Em fase de pós-produção, Carey atualmente revive a Daisy Buchanan de “O Grande Gatsby”, papel que já foi de Mia Farrow (1974) e Betty Field (1949) nos cinemas e de Mira Sorvino (2000) na TV. Em “Shame”, sua “cena musical” (sem contar, para não estragar para quem ainda não assistiu) é uma das melhores coisas que assisti em 2012: arrepio fundamental das costas à nuca. Fabulosa, imperdível.

Tommy Beresford

~ por Tommy Beresford em março, 21 2012.

2 Respostas to “[Resenhas] Shame”

  1. Quero muito assistir, uma pena que ainda não chegou nos cinemas daqui de Belém.

    http://cinelupinha.blogspot.com.br/

  2. O filme tambem foi muito mal lançado aqui no Rio, aliás, filmes de conteúdo parecem que não encontram lugar para serem exibidos. “Shame” é o exemplo de filme que todo cinéfilo não pode deixar de assistir e tambem àqueles que tenham uma boa dose de sensibilidade nata.

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