[Resenhas] Distrito 9

distrito9_cartazBaseado em “Alive in Joburg”, escrito e dirigido por Neill Blomkamp em 2005, o mote de “Distrito 9”, do mesmo diretor, é ficcional, mas o contexto é mesmo de crítica social e, porque não, mundial. Afinal, as metáforas filmadas com efeitos especiais e alienígenas bizarros, entre o crustáceo e o robótico, estão espalhadas, com as mais diversas roupagens, não somente na África do Sul mas por todo o planeta.

Uma nave-mãe planando há mais de 20 anos sobre Johannesburgo, com ETs instalados num distrito bastante restrito da cidade — daí o nome do filme — que logo se transforma em uma favela. Os ETs ganham apelidos – “camarão” é inevitável — e perdem dignidade, perdidos mesmo num mundo que não é o deles, com uma língua estranha e modus operandis que misturam pobreza, tráfico: é quase um campo de concentração. Um dia, resolvem despejá-los, e aquele que deveria ser o responsável por esta ‘roubada’, Wikus Van De Merwe dá ao novato Sharlto Copley (que é sul-africano, por sinal) uma chance única de uma interpretação tão estranha quanto brilhante: o filme é dele (e de quem mais ? Só sobra ele mesmo…). Excelente. Desnecessário lembrar, porém, que “Distrito 9” definitivamente não é um “filme de atores”, sem trocadilho com os alienígenas… Na verdade, é um filme de Neill Blomkamp, e esta assinatura, ainda nova para o meio cinematográfico, pode render (e torço pra isso) belos filmes na próxima década.

Em meio aos lixões, vírus, gangues, coberturas jornalísticas dos trâmites do despejo, metáforas políticas e uma caprichada produção de Peter Jackson, o filme pode causar diversos tipos de reação, desde o riso, para os que preferem ou mesmo não conseguem encarar o longa como uma boa forma de reflexão sobre o mundo que vivemos, até o asco pelos líquidos viscosos aqui e ali. No meio destes, há quem goste, e muito. Eu sou um deles: feito com pouco dinheiro para os padrões hollywoodianos (Jackson bancou, usando apenas 30 milhões, e o filme se pagou em poucos dias), “Distrito 9” é um dos melhores de 2009, recomendo.

Tommy Beresford

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~ por Tommy Beresford em outubro, 22 2009.

6 Respostas to “[Resenhas] Distrito 9”

  1. Um filme para se ver e refletir. Deste a sua confecção e estória, baseada em livro, o filme é muito original. O ritmo é frenético e o desenrolar nos leva a um riso nervoso. Vale a pena ver um dos melhores filmes de 2009.

  2. […] veja a crítica completa de Tommy Beresford (Cinema é Magia) […]

  3. Eu achei o filme extremamente elementar, se não fosse a temática, não sei o que seria dele. Recomendo que as pessoas o vejam em casa, ir ao cinema para vê-lo não será uma boa experiência, ainda mais quando vi nesse ano, Bastardos Inglórios. Nem boas perfomances consegui encontrar, como alguns festejam.

    Abraço.

  4. […] Beresford CINEMA É MAGIA “O filme pode causar diversos tipos de reação, desde o riso até o asco pelos líquidos […]

  5. parabens pela crítica! confesso q fiquei decepcionada com a recepçao insosa da plateia no Festival do Rio, acho q a maioria perdeu-se pelas diferentes sensações q vc descreveu e nao entendeu a genialidade de Blomkamp. concordo em exaltá-lo como um dos melhores filmes de 2009, fiquei felicissima pelas indicações ao Oscar e Neill ainda novo e mega talentoso ainda vai fazer muita coisa boa(esperamos) !

  6. De fato, um filme dos melhores! Adoro filmes de Sci-Fic mas, sinceramente, não tenho tido muita paciência para eles no momento…
    E, no entanto, que surpresa “Distrito 9”!

    A qualidade dos conflitos e dos problemas “humanos” que perpassa o filme e atinge aos ETs é das melhores. Pegos no meio de um problema que não fica bem evidente, a “saída” dos alienígenas é sobreviver… E nós, humanos, a de oprimir – “como sempre”, dá para pensar…

    Enfim, um ótimo filme que realmente me levou a prestar atenção ao roteirista: Neill Blomkamp é o cara…

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