[Resenhas] Romance

romance_cartazA mistura das linguagens do teatro, do cinema e da televisão pode ser indigesta para alguns, especialmente se uma delas for excessivamente maior que as demais, confundindo ou cansando quem vai ao cinema, especialmente aquele que normalmente só tem o hábito de ver TV, ou o que raramente frequenta a sala escura, e em especial aquele que nunca foi ao teatro, em geral pelas razões financeiras que conhecemos tão bem.

Não é o que acontece com o espectador que vai assistir a “Romance”. Os elementos amor, paixão, traição e sofrimento, presentes o tempo todo no filme, não são apenas comuns nas novelas do cotidiano mas também na literatura mundial de todos os tempos. E mesmo que muitos nunca tenham ouvido falar em “Tristão e Isolda”, a tragédia não soa pesada nas mãos de Guel Arraes, que desenvolveu o roteiro com Jorge Furtado.

Os protagonistas são artistas de visões diferentes: Pedro é cria de teatro, e é nele que se sente em casa, em São Paulo. Ana se curva aos encantos da popularidade que a produção de uma novela, no Rio, lhe dá enquanto dá vida a sua Isolda numa montagem de Pedro. Cidades e visões diferentes de futuro se misturam a ciúme, insegurança… e este é apenas o início da história. Eu receava pelo final, mas foi resolvido da melhor forma.

Numa fase em que a grande maioria dos (ótimos) filmes brasileiros é densa, “Romance” tem uma leveza que para alguns pode até parecer incompatível com a tragédia literária que guia o roteiro – e que salva o filme de se tornar hermético para o grande público: não há dificuldades de entendimento e a empatia é imediata. O elenco é um grande acerto: a ótima Letícia Sabatela mostra-se mais ousada, José Wilker está no tom certo, e Vladimir Brichta mostra grande talento sem cair na armadilha da caricatura e sem perder a graça.

Três destaques abrilhantam o longa. Brilham Andréa Beltrão – voando alto e bem longe de seus personagens mais recentes da TV – e o grande Marco Nanini, em participação pequena mas arrebatadora. Mas é Wagner Moura que merece todos os louros: está soberbo em um difícil papel onde Tristão é apenas um dos múltiplos personagens em que o artista ao mesmo tempo se afoga e se salva. Mais uma vez, o espectador que não tem o costume de ir ao cinema – e que somente viu “Paraíso Tropical” (na TV) ou “Tropa de Elite” (no boom da polêmica e da pirataria) – vai se surpreender com a versatilidade e o talento transbordante deste grande ator. Recomendo.

Tommy Beresford

~ por Tommy Beresford em novembro, 26 2008.

5 Respostas to “[Resenhas] Romance”

  1. Achei apenas regular. A mistura de linguagens torna confusa a estória romantica e cansa um pouco a paciência de quem quer ver desenrolar o foco principal. O elenco está perfeito com destaque para Wagner Moura e Marcos Nanini, em pequena participação.

  2. Sempre este debate quando se trata de Guel Arraes.O filme é lindo!Eu,Guel,num próximo filme adotaria um pseudônimo para evitar o frenesi dos xiitas quando vêem seu nome.

  3. Guel Arraes incomoda.Não faz alarde.Faz maravilhas.Concordo com o leitor acima quanto ao pseudonônimo.Sempre a mesma coisa:É cinema?É televisão?É Guel Arraes! Basta!

  4. o filme apesar de ser uma bela obra foi muito apelativa na parte do sexo. mas apresena enorme de intertextos que sao introduzidos a partir de um hipertexto que foi imposto la atras na eoropa e com isso criamos varias formas de interpretar essa linda historia! depende do contexto socio cultural de cada lugar apresentado.

  5. “Assisti o filme a pouco tempo, e achei o mesmo muito emocionante, a linguagem poetica utilizada em toda trama , faz o telespectador viajar junto com os personagens. E o fato de os proprios personagens confundir ficção com realidade deixa atrama muito mais interesante. Não posso deixar de citar a fantastica interpretação de Wagner Moura, me cativando a cada cena .”

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